sexta-feira, 17 de maio de 2013

Histórias alegres d’Joaquim e d’Manuel – um d’licioso passatempo lit’rário. (ficam milhores s’forem lidas com sutaque)


Quarta história
O Joaquim almoçava sussegado c’os cutuvelos sobre a mesa quando comiçou a ouvire um rangido isquisito. Tirava os cutuvelos da mesa mas ela rangia mesmo assim. Culucava eles d'volta i el’rangia outra vez. Aburrecido, tirou o prato da mesa e passou a almoçaire com o prato nu colo, mas ind'assim a cretina da mesa rangia.
- Cacête d’mesa d’sgraçada, gritou ele furioso.
 E mandou um chute tão puderoso n’ela q’ela foi paraire na parede i quebrou-se pur inteiro. O Joaquim respirou aliviado, e voltou a sentaire na cãdeira pra pruss’guire com  o almoço, mas mal l'vou o garfo à boca e a maldita mesa rangeu d’novo  m'smo estando espatifada. Ergueu a mesa com os braços e a jogou com toda força q’tinha lá nos fundos do quintal deixando el’em p’tição d’miséria. Foi intão q’a vizinha Maria tucou a campainha a sabeire o q’se passava e purquê d’tanta algaravia. O Joaquim intão of’receu a cãdeira pra q’ela s’sentasse inquanto preparava um cafezinho i contava a história toda. Mal a  Maria s’sentou a besta da mesa voltou a rangeire paricendo fazer d’prupósito só pra pruvocaire.
- Diabo d’mesa! – explodiu o Joaquim
- É isso! – falou a Maria. – Vai veire q’el’está possuída pelo Diabo.
- Istá claro! Só pod’star! – concordou o Joaquim d’pronto. -  E se el’está possuída milhore q’chamemos um exorcista.
Ligaram intão pra o Manuel q’era formado em exorcismo na Universidade d’Coimbra com as milhores distinções i louvores.
- Tu fazes exorcismo a domicílio? - quis sabeire o Joaquim no telefone.
- Se queres “a” domicílio tens q’procuraire outro. Aqui fazemos tão somente “em” domicílio.
- Tanto faz, cacête! – ralhou o Joaquim. - Si não for mais caro vem mesmo assim  q’o caso é grave . 
Ao chegaire o Manuel, o Joaquim apontou -lhe a mesa:
- Lá istá el.Vá com cuidado.
O Manuel acendeu um incenso, borrifou um litro de água benta sobre a mesa d’stroçada , rezou 40 orações e lançou um vade-retro mandando q’saísse o Malígno d’aquele ambiente q’a el’não p'rtencia.
Em s’guida o Manuel , q’tinha uma bruta duma barriga,  sentou-se na cadeira para descansar-se do ritual e ela esborrachou-se caindo o Manuel com a bunda no chão. Todos caíram na gargalhada mas daí pra frente não s'ouviu mais purcaria d'rangindo nenhum.
Foi uma alegria digna d'comemoração , por isso eles brindaram tomando um copo d’vinho do Porto da milhore qualidade.

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