segunda-feira, 20 de maio de 2013

Histórias alegres d’Joaquim e d’Manuel – um d’licioso passatempo lit’rário. (ficam milhores s’forem lidas com sutaque)


Quinta história
  Trata-se esta história d’uma fita purnugráfica, a q’as crianças tambaim podem veire desd’q’acompanhadas dos pais.
  O Joaquim incontra-se com o Manuel numa praia d’nudismo. O Manuel está tudinho int’rrado n’areia só aparecendo sua vulumosa cabeça.
  - Joaquim, tu tambaim aderiste à prática do p’ladismo? – diz o Manuel.
  - P’ladismo, não: naturismo – corrige o Joaquim.
  - P’rmita-me observar,  mas q’coisinha insignificante tens aí, hein!, hahaha – diz o Manuel a troçaire da piroca do Joaquim.
  - E tu deves estaire a morreire d’virgonha da sua, assim todinho int’rrado – r’bate o Joaquim.
  - Joaquim, tu és mesmo um cr’tino – r’plica o Manuel. - Não vês  q’é uma m’táfora a repr’sentaire o racionalismo ocidental em contrapusição à ispiritualidade oriental?
  Nest’momento entra em cena a Mãria. Istá inteiri-nha m’tida numa burca – a representaire a tal da ispiritualidade oriental -  só mostrando seus olhinhos pr’tinhos d’jabuticaba. O Manuel, ixcita-do,  diz qualquer coisa d’cunho tipicamente ocidental:
  - Hum, esta cachopa é a nora q’meu pai gustaria d’teire. Livre-se d’sse casulo, minha doce burbuleta, e venha pousar em meu sulitário curação.
  É quando s’met’em cena um índio da tribo kaiapó.
  - Mim procurar  a praia de naturismo.
  - Aqui mesmo - diz o Joaquim.
  - Vejo q’estais ixtraviado - diz o Manuel.
  - Ixtraviado? – diz o Joaquim. - Hum, tem m’smo um jeitão.
  - Mim veio praticar naturismo, como vocês.
  - Epa, a mim tu não comes, não - esquiva-se o Joaquim.
  - Nem a mim - diz o Manuel.  – Mas que raios,  não estoi a veire  a m’nor graça: um índio a prati-caire p’ladismo , q’ r’dundância istupida é essa?
  - E você, por que estar enterrado feito uma marmota? E essa mulher, por que veste esse manto num campo de nudismo? E quem é esse bofe interessantíssimo do seu lado? – diz o kaiapó.
  A Mãria interrompe a cunversa , apruxima-se da cabeça du Manuel e diz:
  - Tu falas coisas tão lindas.
  E d’pois o beija ardent’mente.
  O índio aproxima-se do Joaquim para beijá-lo tambaim ard’nt’mente, mas o Joaquim escaf’d-se d’le pra Purtugal atravessando o oceano a nado.
  O  Manuel apaixona-se p’rdidamente p’la Maria e ela pur ele , vivendo ambos f’lizes pra sempre – ela d’burca e o Manuel tambaim d’burca.
  O índio e o Joaquim têm igualmente um final f’liz. Acabam  s’incontrando,  s’gostando  e s’casando -  mas isso em Paris, pois q’agora lá el’s deixam.




Histórias alegres d’Joaquim e d’Manuel – um d’licioso passatempo lit’rário. (ficam milhores s’forem lidas com sutaque)


Sexta história
  Os eletricistas Manuel e Joaquim estão a trabalhaire num poste. Em cima o Manuel a mexeire com os fios e lá embaixo o Joaquim a seguraire a escada.
  D’repente deu no Joaquim uma vontade  bestial  d’tomaire um lanche. Abriu um pacotinho e antes d’levaire o lanche à boca, el’gritou:
  - Ó , Manuel!
  - Q’é? – respondeu o Manuel lá d’cima.
  - Queres uma torrada?
  - Hãin?
  - P'rguntei se tu queres uma torrada?
  Foi então q’o Manuel distraiu-se , tomou um bruta dum curto-cicuito e quedou-se lá embaixo estat’lado e pretinho da silva.
  O Joaquim aproximou-se d’ele , suspirou e disse:
  - Bãin, ... parece q’o Manuel não bai quereire uma torrada.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Histórias alegres d’Joaquim e d’Manuel – um d’licioso passatempo lit’rário. (ficam milhores s’forem lidas com sutaque)


Quarta história
O Joaquim almoçava sussegado c’os cutuvelos sobre a mesa quando comiçou a ouvire um rangido isquisito. Tirava os cutuvelos da mesa mas ela rangia mesmo assim. Culucava eles d'volta i el’rangia outra vez. Aburrecido, tirou o prato da mesa e passou a almoçaire com o prato nu colo, mas ind'assim a cretina da mesa rangia.
- Cacête d’mesa d’sgraçada, gritou ele furioso.
 E mandou um chute tão puderoso n’ela q’ela foi paraire na parede i quebrou-se pur inteiro. O Joaquim respirou aliviado, e voltou a sentaire na cãdeira pra pruss’guire com  o almoço, mas mal l'vou o garfo à boca e a maldita mesa rangeu d’novo  m'smo estando espatifada. Ergueu a mesa com os braços e a jogou com toda força q’tinha lá nos fundos do quintal deixando el’em p’tição d’miséria. Foi intão q’a vizinha Maria tucou a campainha a sabeire o q’se passava e purquê d’tanta algaravia. O Joaquim intão of’receu a cãdeira pra q’ela s’sentasse inquanto preparava um cafezinho i contava a história toda. Mal a  Maria s’sentou a besta da mesa voltou a rangeire paricendo fazer d’prupósito só pra pruvocaire.
- Diabo d’mesa! – explodiu o Joaquim
- É isso! – falou a Maria. – Vai veire q’el’está possuída pelo Diabo.
- Istá claro! Só pod’star! – concordou o Joaquim d’pronto. -  E se el’está possuída milhore q’chamemos um exorcista.
Ligaram intão pra o Manuel q’era formado em exorcismo na Universidade d’Coimbra com as milhores distinções i louvores.
- Tu fazes exorcismo a domicílio? - quis sabeire o Joaquim no telefone.
- Se queres “a” domicílio tens q’procuraire outro. Aqui fazemos tão somente “em” domicílio.
- Tanto faz, cacête! – ralhou o Joaquim. - Si não for mais caro vem mesmo assim  q’o caso é grave . 
Ao chegaire o Manuel, o Joaquim apontou -lhe a mesa:
- Lá istá el.Vá com cuidado.
O Manuel acendeu um incenso, borrifou um litro de água benta sobre a mesa d’stroçada , rezou 40 orações e lançou um vade-retro mandando q’saísse o Malígno d’aquele ambiente q’a el’não p'rtencia.
Em s’guida o Manuel , q’tinha uma bruta duma barriga,  sentou-se na cadeira para descansar-se do ritual e ela esborrachou-se caindo o Manuel com a bunda no chão. Todos caíram na gargalhada mas daí pra frente não s'ouviu mais purcaria d'rangindo nenhum.
Foi uma alegria digna d'comemoração , por isso eles brindaram tomando um copo d’vinho do Porto da milhore qualidade.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Histórias alegres d’Joaquim e d’Manuel – um d’licioso passatempo lit’rário. (ficam milhores s’forem lidas com sutaque)


Terceira história
  O Joaquim incontrou uma lâmpada maravilhosa pirdida numa calçada. Isfregou ela e d’ela iscapou um gênio com um bigode enorme do tamanho do q’ tinha o Bartolomeu Bueno da Silva.
  - Ó, Thomas Edison! – exclamou o Joaquim.
  - Q’Thomas Edison, ó paspalho? Não vês q’sou o Manuel? – reagiu o gênio.
  - Manuel! Como é q’tu podes caber  dentro dessa lâmpada com essa bruta barriga? – disse o Joaquim.
  - Vais logo pedindo 3 d’sejos q’eu tenho mais o q'fazeire.
  - Pois vou pedire um d’aqueles autumóveis impurtados d’grandi vilocidade.
  - E pra quê?- disse o Manuel irritado. Pra d’pois saires pur aí atrupelando as p'ssoas ? Não dou autumóvel impurtado coisa n'nhuma. Faça o s'gundu d’sejo.
  - Intão me dês uma  mansão d’essas caríssimas q’ficam numa ilha paradisíaca.
  - Ó, grande cretino! Achas q’s’eu pudesse dar-te uma mansão eu iria morar apertadinho nessa merda d’lâmpada q’inda pur cima é iscura? – falou o
Manuel. -Trates d’p’dire coisas mais simples, não vês o tamanho da crise em q’se encontra Purtugal?
  - Está bain, está bain. – r’signou-se o Joaquim. -  Então me mandes pra Lua. Quero ver d’lá a Terra minguante , a Terra crescente e as inebriantes noites d’Terra cheia.
  - Ai, Jisuis! Istou impressionado. Em q’poeta lunático tu te transformaste! Quantos quilômetros achas q’ tem daqui até a Lua, seu istúpido? Daria pra ires pra Lisboa e voltaire três mil vezes. Peças mais um, vá, vou-lhe daire um bônus track.
  O Joaquim ritorceu a boca, levou a mão à bexiga, pensou e p’diu:
  - Ai, estou a precisaire  é d’um banheiro químico.
  - O quê?! - espantou-se o Manuel. O que pensas q’vais fazeire com um banheiro químico, ó cretino? Estais a deliraire? Acorda, Joaquim! Acorda!
  Intão o Joaquim acurdou . Acurdou assustado com o Manuel a bateire na porta e a gritaire q’estavam ambos atrasados pra o trabalho na Companhia d’Força e d’Luz.
   E o susto foi tãmanho q’o Joaquim urinou-se tudinhu.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Histórias alegres d’Joaquim e d’Manuel – um d’licioso passatempo lit’rário. (ficam milhores s’forem lidas com sutaque)


Segunda história
Manuel e Joaquim entraram para o t’rrorismo internacional, um modo fácil d’virar cel’bridade e d’apurrinhar os americanos q’bem merecem. E s’eram t’rroristas natural q’praticassem atentados hediondos e outras bestialidades. No décimo andar  d’um edifício no centro d’Nova Iorque , num apartamento até q’bem bunitinhu , o Manuel pruvidenciava um petardo com uma panel’d’pressão r’chiada d’pregos da milhoire qualidade, enquanto o Joaquim fingia arremessar-se da janela com o intuito d’fazeire juntar l’embaixo uma multidão d’gente curiosa – pois atentado q’s’preze deve ter multidão e era afinal d’contas em cima d’ela q’se lançaria o demolidoire explosivo. A multidão  formou-se rapidinho e lá d’baixo acenava e gritava: pula, pula! Isso  deixou o Joaquim  tão comuvido q’chamou o Manuel pra dizeire o quanto essa gente é hospitaleira – q’nem o conhecia, q’nem falava sua língua e já o  tratava assim tão amistosa , tão cãrinhosamente, querendo q’el’descesse e mais rapidinho pra perto d’eles.  O Manuel também s’pôs tão cheio d’sentimento nu coração  q’imediatamente decidiu  substituire os ingredientes da panel’d’pressão por  postas d’bacalhau e batatas, temperados com louro, dentes d’alho e azeite d’oliva da milhoire safra. Depois desceram , não pel’janela evident’mente, mas d’elevador, e dirigiram-se ao encontro da multidão a ofereceire a eles o d’licioso pr’parado. Em s’guida se puseram  abraçaire e beijaire a todos , um pur um, num raro, emucionante e ind’scritível esp’táculo d’amizade e fraternidade entre os povos e nações.

Noutru dia s’via estampada num buletim interno da organização Al-Qaeda, esta atônita e indignada manchete:

“EM NOVA IORQUE DOIS TERRORISTAS DE MERDA AVACALHARAM POR COMPLETO COM A NOSSA ABENÇOADA PROFISSÃO”.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Histórias alegres d’Joaquim e d’Manuel – um d’licioso passatempo lit’rário (ficam milhores s’forem lidas com sutaque)


Primeira história
  O cirurgião ortop’dista Manuel e o anest’sista Joaquim acabam d’recebeire um paciente acid’ntado com um braço em t’rríveis condições. Num rápido diagnóstico, o Manuel concluiu:
  - Sinto muito, senhoire, mas vamos ter q’amputá-lo... com o perdão da expressão.
  Ato contínuo puxou um serrote e inquanto o Joaquim s’gurava d’um lado, o Manoel s’rrava do outro e o paciente se pôs a urrar e urrava tão alto q’se podia ouvi-lo lá 
d’Trás-os-Montes mesmo estando os montes todos na frente. Como não se calassed’jeit’algum e já s’passasse das 10 da noite pudendo o fiscal do Psiu aparecer e aplicar-lhes uma multa, fez-se necessário q’o Joaquim aplicasse antes uma cacetada d’marreta pra anestesiar o indócil paciente. E foi uma cacetada tão dura q’a vítima não resistiu e apagou-se no mesmo instante. O Manuel mediu a pulsação e constatou q’infelizmente o homem tinha ido a óbidos, ou milhore, a óbito, q’é um lugaire um bucado mais longe. Em s'guida chamou um funcionário e p’diu q’l’vasse o paciente pro necrotério e q’pusesse os dois, tanto o braço como o cadáver, num mesmo caixão pois q’ambos estavam mortos e afinal d’contas eram parentes.
  Mas logo o funcionário, pra espanto d’todos, voltou com a notícia d’q’alguma coisa estava errada, pois q’se o braço se achava d’fato morto, o resto não estava morto coisíssima ninhuma. Uma pausa e foi o Joaquim que, após cogitar por instantes com seus íntimos butões, assim pronunciou-se:
 - Manuel,... num será q’tu tiraste a pulsação do braço amputado?