Tudo certo (à guisa de crônica)
São Paulo,
12:10 h , 23 graus , umidade relativa do ar garganta seca e olhos ardendo.
Na frente do
ponto de ônibus, na Av. Aclimação, tem um buraco, velhinho já, deve completar
um ano em novembro. Na verdade não é um buraco, é que o asfalto, assentado 10 cm sobre o
paralelepípedo, cedeu , talvez pelo peso
dos ônibus, e formou ali uma panela larga, com um metro de diâmetro mais ou
menos.
De um prédio
próximo despejam diariamente, não se sabe por que, uma quantidade imensa de
água - água limpa, ou de aparência limpa
-, que empoça no buraco antes de chegar no bueiro, e fica ali, à disposição de
eventuais interessados. Pois um mendigo – não gosto da expressão “morador de
rua”, dá impressão de que é opção, o que nem sempre é – interessou-se. Aproximou-se
da poça com uma garrafa de plástico contendo algumas folhas de boldo, abaixou-se,
abriu a tampa da garrafa, encheu-a com a água da poça, fechou de novo, chacoalhou
um bocado, abriu e bebeu. Bebeu tudinho. Estalou a língua , suspirou satisfeito
, juntou as tralhas e seguiu - não sei se pensando no conflito dos EUA com a
Coréia ou se no desempenho do Neymar, no jogo de ontem.
Tudo bem. Dizem
que o boldo é muito bom pra digestão. E essa água, as pombas , outras moradoras
de rua, também bebem.
PS: no ônibus, uma sentença do motorista: “São Paulo é o
pulmão do Brasil”.
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